Deixo aqui duas dicas importantes para o ENEM.
Leia com atenção.
Bora sangue bom !!!
( tela de Portinari - pintor brasileiro )
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II GERAÇÃO DO MODERNISMO – 1930-1945
Depois da Semana de Arte Moderna,
a ideia de "Modernismo" - ou seja, de novas atitudes artísticas
contra a arte encarada como artificial, contra tudo o que os escritores
consideravam "velho"- parecia não ter sido totalmente absorvida e a
literatura no Brasil parecia não ter mudado tanto quanto se pretendia.
Entretanto, alguns intelectuais de várias
regiões começaram a manifestar-se: a verdadeira arte moderna devia retratar
criticamente um Brasil mais abrangente, que mal se conhecia, cujas
desigualdades sociais fossem retratadas com vigor num realismo próprio do
século 20. A arte literária, segundo vários intelectuais, devia sair dos "salões
aristocráticos de São Paulo", quer dizer, devia abandonar o contato apenas
com o urbano, influenciado pelas vanguardas europeias.
Em 1926, ocorre um congresso em Recife e
nele se encontram escritores do Nordeste; estes se dispõem, aos poucos, a fazer
uma prosa regional consistente e participativa. É dessas primeiras
manifestações que surgirá um dos momentos mais autênticos da literatura
brasileira, o Romance de 30.
Esta nova literatura em prosa será
antifascista e anticapitalista, extremamente vigorosa e crítica. Os livros
didáticos a chamam com vários nomes: "Romance de 30" (porque é o
início cronológico da nova literatura); romance neo-realista(porque essas obras
conseguiram renovar e modernizar o realismo/naturalismo do século 19,
enriquecendo-o com preocupações psicológicas e sociais) ouromance
regionalista moderno (porque escapa das
metrópoles e vai ao Brasil regional, preso ainda a antinomias dos séculos
anteriores).
A adesão ao socialismo impôs aos escritores
da época, às vezes de forma radical, fórmulas de compreensão do homem em
sociedade. Os romancistas, imbuídos do sentimento de missão política, queriam
mostrar as tensões que transformavam ou destruíam os homens - aliás, um tema
universal e sempre vivo na literatura.
Mas o fato é que sem os modernistas de
1922 (1ª geração), dificilmente os modernistas de 1930 (2ª geração) teriam
conseguido o feito literário e social que obtiveram, porque aqueles foram os
primeiros que provocaram a atualização da "inteligência" brasileira,
foram eles que trouxeram para a literatura o fato não-literário e a oralidade,
que tanto beneficiou o realismo seco dos escritores regionalistas, dando-lhes
maior autenticidade.
QUESTÃO 01
Entre os artistas
que se destacaram no cenário artístico nacional, podemos destacar Graciliano
Ramos, compondo a segunda fase do Modernismo, sobretudo na prosa. Assim, entre
as magníficas obras que criara, uma delas se destaca pela temática voltada para
o regionalismo brasileiro - Vidas Secas. Acerca dela, procure explicitar
algumas particularidades relacionadas à temática trabalhada pelo autor em
questão, enfatizando, sobretudo, os posicionamentos ideológicos por ele
firmados – oriundos de todo um contexto social dominante. Para facilitar seu
posicionamento frente à questão, propusemo-nos em descrever uma passagem:
A cachorra Baleia
estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as
costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam,
cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe
a comida e a bebida.
[...]
Sinha Vitória
fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam
desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: — Vão bulir com a
Baleia?
[...]
Ela era como uma
pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se
diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo,
ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.
Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.
[...]
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.
Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.
[...]
Sobre
o excerto acima de Vidas Secas podemos considerar como corretas:
I-
O autor demonstra claramente sua indignação acerca das
intempéries que circundavam a realidade circundante, agiu assim como o fizeram
todos os artistas que trabalharam a temática social, sobretudo os
pertencentes à segunda geração modernista. Naquela época, o que se via era um
Nordeste situado em meio à fome, à miséria, à decadência do ciclo canavieiro.
Um Nordeste desenhado por retirantes em busca de sobrevivência, assim como a
família de Fabiano, personagem do romance que demarcou para sempre a história da
Literatura brasileira de todo os tempos.
II-
Em face da situação em que viviam, as pessoas eram
tipificadas a um estado de coisa, retratadas nitidamente pela figura dos dois
filhos de Fabiano, os quais nem nome possuíam.
III-
Outro aspecto, também trabalhado pela genialidade do
escritor, foi a ironia – recurso esse que ele encontrou para justamente
expressar a forma como se sentia enquanto ser humano subordinado ao poderio da
classe política, voltada somente para a concentração de bens da classe
dominante. Nada melhor que Baleia, simbolizando algo forte,
robusto, e Sinhá Vitória, que literalmente, simbolizava, só que
de modo oposto, o fracasso do ser humano, permeado nas entranhas do próprio
destino.
a) I e II certas b) I , II e III certas c) I e III certas d) II e III certas e) apenas I certa
QUESTÃO
02
Leia o fragmento abaixo transcrito da obra “Vidas Secas” e responda à questão a seguir:
Leia o fragmento abaixo transcrito da obra “Vidas Secas” e responda à questão a seguir:
Vivia longe dos
homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não
sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a
ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro
entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado,
cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma
língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade
falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade,
tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez
perigosas.
(Graciliano Ramos)
(A) Constitui uma valorização do mundo cultural e o mundo físico do
personagem.
(B) Acentua a rudeza do personagem,
em nível físico. O texto reforça assim a perda de valores do
personagem.
(C) Justifica-se como preparação para
o fato de que o personagem não estava preparado para caminhada.
(D) Serve para demonstrar a
capacidade de pensar do personagem.
QUESTÃO 03
Leia
com atenção o texto retirado da obra Vidas Secas de Graciliano Ramos
Na planície avermelhada os juazeiros
alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro,
estavam cansados e famintos
[...]
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanhacado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanhacado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
I-
Perceba a força narrativa com que o
narrador descreve a cena cruel, de retirantes exaustos sob o sol, a família
silenciosa e triste, com a qual ele se solidariza ("os infelizes")
II-
A lentidão proposital da narrativa é a
superação difícil do caminho sob o sol (para onde vai quem não tem terras?) e a
secura descritiva reproduz o silêncio dos que estão exaustos
III-
Essa é a seca vida do herói - agora um
anti-herói -, humilhado e vencido pelo meio hostil.
a) I , II e III
certas b) I e II certas
c) I e III certas d) II e III certas
e) apenas I certa
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Uma outra obra
importante do período
Gabriela, cravo e canela ( Jorge Amado )
Crônica de uma cidade do interior
Crônica de uma cidade do interior
Vinda
do agreste, Gabriela chega a Ilhéus em 1925, em busca de trabalho. É levada do
“mercado dos escravos”, lugar onde acampam os retirantes, pelo árabe Nacib. O
dono do bar Vesúvio não atenta de imediato para a beleza da moça, escondida sob
os trapos e a poeira do caminho. Não tarda, porém, a descobrir que ela tem a
cor da canela e o cheiro do cravo. Em breve, todos os homens da cidade vão se
render aos encantos de Gabriela.
Ela assume a cozinha do bar, e o Vesúvio ferve por conta do tempero e da presença inebriante de Gabriela. Apaixonado, o ciumento Nacib decide que o melhor é se casar. Gabriela passa a ter obrigações que não combinam com seu espírito livre e rústico. No entanto, não se deixa subjugar. Nacib a flagra na cama com Tonico Bastos e manda anular o casamento. Mas Gabriela ainda voltará a ser sua cozinheira e a freqüentar sua cama.
Gabriela, cravo e canela narra o caso de amor entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela e compõe uma crônica do período áureo do cacau na região de Ilhéus. Além do quadro de costumes, o livro descreve alterações profundas na vida social da Bahia dos anos 1920: a abertura do porto aos grandes navios leva à ascensão do exportador carioca Mundinho Falcão e ao declínio dos coronéis, como Ramiro Bastos. É Gabriela quem personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária, convulsionada pelos sopros de renovação cultural, política e econômica.
Ela assume a cozinha do bar, e o Vesúvio ferve por conta do tempero e da presença inebriante de Gabriela. Apaixonado, o ciumento Nacib decide que o melhor é se casar. Gabriela passa a ter obrigações que não combinam com seu espírito livre e rústico. No entanto, não se deixa subjugar. Nacib a flagra na cama com Tonico Bastos e manda anular o casamento. Mas Gabriela ainda voltará a ser sua cozinheira e a freqüentar sua cama.
Gabriela, cravo e canela narra o caso de amor entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela e compõe uma crônica do período áureo do cacau na região de Ilhéus. Além do quadro de costumes, o livro descreve alterações profundas na vida social da Bahia dos anos 1920: a abertura do porto aos grandes navios leva à ascensão do exportador carioca Mundinho Falcão e ao declínio dos coronéis, como Ramiro Bastos. É Gabriela quem personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária, convulsionada pelos sopros de renovação cultural, política e econômica.
Gabriela, cravo e
canela
inaugura uma nova fase na obra de Jorge Amado. A partir deste romance, o autor
atenua o conteúdo político que marcou seus primeiros livros para dar ênfase à
mistura racial, ao erotismo e a uma percepção sensorial do mundo. Ganham
destaque as personagens femininas: as mulheres passam ao centro das narrativas
como mito sexual, mas também como agentes do próprio desejo.
Gabriela, cravo e canela foi o primeiro livro escrito por Jorge Amado depois de deixar o Partido Comunista. Publicado em 1958, o romance recebeu no ano seguinte os prêmios Machado de Assis e Jabuti. Pouco depois, em 1961, Jorge Amado seria eleito para a Academia Brasileira de Letras, em grande parte graças ao estrondoso sucesso do livro. Gabriela virou novela da TV Tupi, em 1961, e mais tarde da rede Globo, em 1975. Traduzido para mais de trinta idiomas, Gabriela, cravo e canela é o livro de Jorge Amado com o maior número de traduções.
Gabriela, cravo e canela foi o primeiro livro escrito por Jorge Amado depois de deixar o Partido Comunista. Publicado em 1958, o romance recebeu no ano seguinte os prêmios Machado de Assis e Jabuti. Pouco depois, em 1961, Jorge Amado seria eleito para a Academia Brasileira de Letras, em grande parte graças ao estrondoso sucesso do livro. Gabriela virou novela da TV Tupi, em 1961, e mais tarde da rede Globo, em 1975. Traduzido para mais de trinta idiomas, Gabriela, cravo e canela é o livro de Jorge Amado com o maior número de traduções.
QUESTÃO 04
Leia
o texto que segue, de Jorge Amado, e responda ao que se pede.
Naquele ano de 1925, quando floresceu
o idílio da mulata Gabriela e do árabe Nacib, a estação das chuvas tanto se
prolongara além do normal e necessário que os fazendeiros, como um bando assustado,
cruzavam-se nas ruas a perguntar uns aos outros nos olhos e na voz: Será que
não vai parar? Referiam-se às chuvas, nunca se vira tanta água descendo dos
céus, dia e noite, quase sem intervalos. Mais uma semana e estará tudo em
perigo. A safra inteira. Meu Deus! Falavam da safra anunciando-se excepcional,
a superar de longe todas as anteriores. Com os preços do cacau em constante
alta, significava ainda maior riqueza, prosperidade, fartura, dinheiro a rodo.
Os filhos dos coronéis indo cursar os colégios mais caros das grandes cidades,
novas residências para as famílias nas novas ruas recém abertas, móveis de luxo
mandados vir do Rio, pianos de cauda para compor as salas, as lojas sortidas,
multiplicando-se, o comércio crescendo, bebida correndo nos cabarés, mulheres
desembarcando dos navios, o jogo campeando nos bares e nos hotéis, o progresso
enfim, a tão falada civilização. E dizer-se que essas chuvas agora demasiado
copiosas, ameaçadoras, diluviais, tinham demorado a chegar, tinham-se feito
esperar e rogar! Meses antes, os coronéis levantavam os olhos para o céu
límpido em busca de nuvens, de sinais de chuva próxima. Cresciam as roças de
cacau, estendendo-se por todo o sul da Bahia, esperavam as chuvas
indispensáveis ao desenvolvimento dos frutos acabados de nascer, substituindo
as flores nos cacauais. A procissão de São Jorge, naquele ano, tomara o aspecto
de uma ansiosa promessa coletiva ao santo padroeiro da cidade. (Jorge Amado,
Gabriela, Cravo e Canela)
De acordo com o texto, o comércio do cacau
a) Não alterava a vida dos filhos dos coronéis.
b) não mudava a rotina da cidade.
c) negava o princípio de civilização
d) Interessava apenas os coronéis
e) Fundamentava o progresso da cidade
De acordo com o texto, o comércio do cacau
a) Não alterava a vida dos filhos dos coronéis.
b) não mudava a rotina da cidade.
c) negava o princípio de civilização
d) Interessava apenas os coronéis
e) Fundamentava o progresso da cidade
TEXTO PARA LEITURA
Leia
com atenção estes trechos sobre o Romance
Gabriela
Texto crítico
Desde o segundo dia
na casa de Nacib, já dormiam juntos à noite, e assim, ele morria em seus braços
ardentes e corpo insaciável. Para Nacib, o fogo de sua pele morena cor de cravo
e cheiro de canela estava cravado no seu corpo, que não queria perder.
Ao se analisar o titulo da obra Gabriela, Cravo e Canela, é possível perceber ao apelo de sentido a que se remete, improvisando - se saboroso com exaltadas sugestões de paladar (cravo, canela), a que não pode ser considerada estranha insinuação, assim como (cor) que evidencia uma preferência de estilo, a morena, como tipo ideal de mulher, de fêmea. Gabriela é a morena tropical, cor de canela que se constitui no tipo ideal de beleza mestiça, reunindo encantos físicos peculiares da branca e negra, expandindo beleza e sensualidade.
Ao se analisar o titulo da obra Gabriela, Cravo e Canela, é possível perceber ao apelo de sentido a que se remete, improvisando - se saboroso com exaltadas sugestões de paladar (cravo, canela), a que não pode ser considerada estranha insinuação, assim como (cor) que evidencia uma preferência de estilo, a morena, como tipo ideal de mulher, de fêmea. Gabriela é a morena tropical, cor de canela que se constitui no tipo ideal de beleza mestiça, reunindo encantos físicos peculiares da branca e negra, expandindo beleza e sensualidade.
Gabriela nutria
sentimentos por seu Nacib, era contente "Era bom dormir com ele, a cabeça
descansando em seu peito cabeludo, sentindo nas ancas o peso da perna do homem
gordo e grande, um moço bonito" (p.180), mas, não queria ver-se casada com
ele, questionava os moldes patriarcalistas, como exemplo, o casamento. Não
entendia certas convenções sociais e não queria adaptar-se a elas, gostava de
manter relações amorosas com seu patrão, mas não queria assumir uma postura de
mulher casada, até mesmo, por sentir-se inferior a ele, pensava que não possuía
atributos de uma senhora.
Era uma mulher que
aspirava por liberdade e a todo o momento resistia aos padrões patriarcais da
sociedade vigente. Seus modos representavam uma rebelião contra o moralismo da
época, além de expressar um caráter libertário que não se enquadrava diante as
boas condutas. Audaciosa, ela germinava novos princípios de comportamento que
até então eram inadmissíveis para as mulheres, pois Gabriela primava pela vida
de solteira e por sua liberdade
Trecho da obra
"Era bom dormir com ele, a cabeça descansando
em seu peito cabeludo, sentindo nas ancas o peso da perna do homem gordo e
grande, um moço bonito" (p.180)
gabarito
1.B
2.B
3.A
4.E
gabarito
1.B
2.B
3.A
4.E